quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Com os Olhos Bem Fechados


"A propósito do magnífico filme de Stanley Kubrick cabe aqui deixar a opinião de um mero cidadão que gosta de ir ao cinema de vez em quando.
O título do filme diz quase tudo sobre o mesmo, com excepção da qualidade extraordinária do filme como obra da sétima arte, na história da qual Kubrick fica inscrito como um verdadeiro mestre.
Foi de "Olhos Bem Fechados" que a maioria dos críticos de cinema (e não só) viu o filme o que os leva a divagar pelos pormenores técnicos, dos quais quem conhece alguma coisa de Kubrick sabe nunca seriam péssimos e que provavelmente seriam geniais.
De facto a genialidade de Kubrick revela-se mais uma vez num filme que põe o ponto final (ou de exclamação?) na sua carreira.
Mas que mais nos deixa Kubrick?
Na minha modesta opinião deixa-nos uma mensagem moderna e de extrema importância, principalmente para a sociedade daqueles que não quiseram abrir os olhos para ver o que o filme nos diz.
Chamaram-lhe um filme “quase-porno”, eu digo que é um filme moralista. Quando digo moralista não significa clerical, mas sim algo que pretende alertar para os valores morais em que está assente a sociedade de hoje, especialmente uma das suas instituições: o Matrimónio.
Não é por razões técnicas que Kubrick escolhe a dupla Cruise/kidman, mas sim por razões morais, porque assim reforça o sentido da mensagem a transmitir. São abordados temas como a infidelidade (nas suas diversas versões), a sinceridade, as tentações (sejam elas vindas do exterior ou do interior), a prostituição, a droga (ou drogas se incluirmos o álcool), o Amor, o sexo, a solidão, a saúde e toda a problemática de uma relação a dois que tem de sobreviver a tudo isto nasociedade actual. Só mesmo alguém com olhos bem fechados é que vai ver este filme e no fim a única coisa de que se lembra é “Let’s fuck” ou da primazia da realização.”
Braga, 1999

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